Sobre o filme Orações para Bobby
Assisti ao filme “Orações para Bobby” a primeira vem em 2012. Estudando e escrevendo novamente sobre o tema homossexualidade e suicídio, assisti novamente ao filme. Mantenho minhas primeiras emoções ao assisti-lo.
Aviso que há spoiler nos meus comentários abaixo.
Título Original: Prayers for Bobby País de Origem: EUA (2009) Gênero: Drama, Biografia Tempo de Duração: 89 minutos Direção: Russel Mulcahy
A aceitação da homossexualidade dos(as) filhos(as) pelos pais é, geralmente, difícil devido ao projeto de vida que eles criaram para o(a) filho(a). Essa dificuldade é retratada no filme “Orações para Bobby”. A busca desesperada de uma mãe extremamente religiosa em não ter um filho pecador, um homossexual. É um emocionante debate sobre homossexualidade, família e Igreja.
Bobby nasceu numa família extremamente religiosa – pai, mãe e quatro filhos (dois meninos e duas meninas). Sempre foi o querido da família até que seus desejos despertaram. Sua mãe vai em busca da cura pela religião e pela psiquiatria. Mary acreditava que “o poder da oração e o trabalho árduo” do filho o curariam.
Infelizmente a psiquiatria já considerou a homossexualidade como doença. E livros com o seguinte trecho, mostrado no filme, eram amplamente vendidos.
“Se um homossexual que queira renunciar à homossexualidade encontra um psiquiatra que sabe curar a homossexualidade, ele tem todas as chances de se tornar um heterossexual feliz e bem ajustado”.
Bobby vê-se sozinho diante de seus desejos. Esse sentimento é muito bem retratado no filme. A solidão e o desespero de Bobby me levaram ao choro. É comovente! Até que ele chega a uma conclusão:
“Talvez não seja uma escolha, talvez eu simplesmente não possa fazer nada”.
Assim, ele se permite realizar seu desejo. Mas, longe dos olhos da família. A culpa é tão grande que ele não suporta mais viver. Dói!
É assustadora a postura da família e da Igreja diante da morte de Bobby. O silêncio dos pais diante de tudo é revoltante. Mas, como em todo segredo de família, o silêncio corrói. Mary não suporta e vai em busca de respostas. E, com muita dor, chega à conclusão:
“Eu sei porque Deus não ‘curou’ o meu filho. Ele não o curou porque não havia nada de errado para ser curado”.
E deixa o seguinte recado às famílias e à Igreja:
“Antes de dizerem amém em suas casas e igrejas pensem. Pensem e lembrem-se uma criança está ouvindo”.
Por fim, “Orações para Bobby” é o filme mais triste e mais belo que já assisti. Não teve muita divulgação por ter sido feito para a televisão americana. Chegou ao Brasil apenas em DVD. É um filme baseado em fatos reais. Foi também baseado no livro de Leroy, “Prayers for Bobby: A Mother’s Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son”.
Texto publicado originalmente em Cine, Cinema, Cinemá (http://cinecinemacinema.blogspot.com.br)
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