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  • Foto do escritorCarolina Freitas

Viver separados, porém juntos, é possível?

Há uma crença comum de que a única forma de amar “verdadeiramente” é: duas pessoas escolhem viver sob o mesmo teto e se torna exclusivas uma da outra. Será?



As novas perspectivas de configurações familiares são novas apenas no nome. Atualmente, a diferentes maneiras de amar têm tomado espaço de reconhecimento e possibilidades entre as pessoas no Brasil e ao redor do mundo. E saber que é possível viver amores de formas diferentes pode ser libertador.


Há uma crença comum de que a única forma de amar “verdadeiramente” é: duas pessoas se unirem sob o mesmo teto e se tornarem exclusivas uma da outra.

Uma configuração de relacionamento que vem tomando espaço nos meus atendimento clínicos e no portal Sexo sem Dúvida é o LAT – Living Apart Together, que traduzindo de forma livre para o português seria algo como “vivendo separados, porém juntos”.


Você já pensou em ter um relacionamento afetivo e íntimo, de médio ou longo prazo, mantendo seu espaço, sua privacidade e sua independência?


Os casais (independente de identidade de gênero e orientação afetivo-sexual) que vivem separados, porém juntos, têm um relacionamento conjugal, ou seja, romântico e íntimo, porém vivem em endereços diferentes. Cada pessoa na sua casa, com a sua individualidade, com suas contas, com a sua rotina.


E viver separados funciona?


Essa configuração pode sim funcionar bem para alguns casais. Esse cenário pode acontecer por diversos motivos, que pensaremos juntas aqui, e por razões que vão variar de casal para casal. Logo, não há uma regra sobre como viver neste formato.


O casal precisa encontrar o seu jeito de funcionar. É possível, sim, ter projetos e objetivos em comum, mesmo morando em endereços diferentes. O que vai estabelecer a identidade conjugal não é o mesmo endereço, e sim, a dinâmica do casal e a qualidade do vínculo afetivo.


Claro que como tudo na vida, este modelo tem vantagens e desvantagens. Por exemplo, muitos casais que optaram por este modelo relatam que as casas separadas deixam mais espaço para sentir saudades e menos para o desgaste da rotina. Há uma tendência de aproveitar com mais qualidade e intensidade o tempo juntos, já que é reduzido. Como no namoro, tempo dedicado ao casal com menos problemas do cotidiano.


Por outro lado, pode ser desafiador na criação e educação de filhos (as), principalmente quando crianças e adolescentes. E, ainda, conflituoso em relação a emoções como o ciúme, por exemplo. Há também que se pensar sobre dinheiro, pois os custos são dobrados, logo, é preciso pensar também nas condições financeiras para viver neste cenário.


Nos moldes convencionais, o casamento pressupõe a união sob o mesmo teto com a pretensão de garantir segurança, conforto e a finalidade de constituir uma família. Porém, a atual sociedade é marcada também pelo individualismo, que é o foco em si mesmo. Ele não precisa ser um marcador ruim pois nos permite fazer escolhas, inclusive a forma como queremos nos relacionar. Aqui me vem uma reflexão: será que viria daí o interesse maior em viver separados, porém juntos?


Vamos conhecer algumas razões pelas quais casais fazem esta escolha

  • Por questões práticas ligadas a aproveitar oportunidades de estudos ou trabalho em outro lugar;

  • Para decidirem depois se vão morar juntos ou não;

  • Por questões familiares, como cuidar de pais e mães idosos em outra cidade;

  • Por cuidados com filhos(as) de relacionamentos anteriores;

Pela experiência de viver uma relação com mais liberdade, com mais espaço e independência, ainda que com responsabilidade e compromisso. Uma forma de resistir às normas tradicionais de relacionamentos (olha a individualidade aqui!).


A configuração familiar de viver separados, porém juntos é para todo e qualquer casal? Não! Cada relacionamento é único. As demandas individuais e do casal devem ser levadas em consideração para decidir sobre essa configuração. É preciso encontrar equilíbrio prático e emocional para que funcione para todas as partes envolvidas.


Como sempre digo, é preciso saber se comunicar! A comunicação aberta, a honestidade e a confiança mútua são ingredientes fundamentais para que essa escolha funcione e se mantenha o compromisso emocional, romântico, econômico, parental e conjugal.


E você? Toparia viver separados, porém juntos?





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Texto publicado originalmente em ND+

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